Dois jovens peixes eruditos, ilustres estudiosos de escamas, alisavam suas barbatanas enquanto debatiam à luz da ciência as superstições e crenças milenares de seus semelhantes subaquáticos:
As ultimas pesquisas científicas apontam para a impossibilidade de vida fora da água – disse o Bacalhau após uma baforada em seu cachimbo de algas.
– Uma pesquisa da USP (Universidade a Serviço dos Peixes), Demonstrou que o nível de oxigênio na superfície é tão alto que criatura alguma resistiria por muito tempo.
O bacalhau prosseguiu:
– A pesquisa demonstrou também que pelas leis da física a simples locomoção seria impossível fora da água, com a baixa densidade do ar as criaturas vivas ficariam presas a terra e o atrito tornaria a mais poderosa nadadeira totalmente inútil. As migrações anuais seriam impossíveis, pois as correntes marinhas são produto de um delicado equilíbrio entre salinidade e temperatura da água, apenas o mar permite tal fluxo e, portanto a existência de vida!
– Que interessante – respondeu o inteligente Atum. E completou:
– Outro dia soube de uma seita de camarões que acredita na lenda de estranhas criaturas que vivem em oceanos de ar e se locomovem sem escamas ou nadadeiras, eles afirmam ter conhecido um camarão que foi levado por tais criaturas para viver em um paraíso fora do oceano. O fato é que se existe vida fora do mar ninguém voltou para contar a história…
– Superstições! – gritou o Bacalhau – A vida surgiu no mar apontam todas às evidencias, sem água não pode haver vida. 70% de nosso organismo é água está cientificamente provado!
Muito me surpreende como muitos negam a razão – afirmou nosso herói que era um leitor ávido, e já havia consumido milhares de paginas das mais completas enciclopédias marinhas.
– Um dia a razão científica prevalecerá sobre a superstição e o misticismo! – disse o Atum com ar de inegável intelectualidade.
– Penso logo existo! – finalizou o Bacalhau entusiasmado.